Por: Tiago Montagner
Somos filhos de lavradores, filhos da terra, sim somos os seus descendentes, desde Biasi, Graciano a Santos e Silva já nascemos com terra vermelha embaixo das unhas, sob o mesmo Sol que brilhou para o senhor José dos Santos Fonseca, a menina Aparecida de Oliveira (A primeira pessoa registrada em Novo horizonte, 1907 ).
Nossas batalhas sempre foram travadas em conjunto, batalhas essas iniciadas por Benedicto Valesi pela Musica, Zi Biasi o Revolucionário no rodeio novorizontino, entre outros.
Nossos vizinhos nunca passaram fome, e o espirito do Rio Morto sempre assombrou dês de crianças a adultos, ou sempre foi respeito?
Respeito, se existe uma palavra que se aprende de berço em nosso município essa seria a palavra “Bom Dia ´´.
Nossos sábios ascendentes sentados em suas cadeiras nas ruas a noite conversando sobre como a juventude estava mudando, e como sempre eles estavam certos, mudamos!
O verdureiro, sempre árduo em seu cultivo na horta, o Padre da Matriz, sempre fazendo sua ronda no quarteirão, os comícios de esquina… Também temos como munícipes o Saci que sapecava a casa, o Homem do Saco que nunca levou ninguém, mais evitou que muitas crianças saíssem para as ruas sozinhas, a Mula sem Cabeça que não deixava as nossas moças voltarem desacompanhadas para suas casas, sempre juntas de seus pretendentes, tais pretendentes que sabiam o significado de cavalheirismo, o Lobisomem da Bauman que sempre estava de prontidão caso um adolescente quisesse sair escondido de madrugada.
Cultura do medo ? acredito que não, até porque naquela época não era não, entrar pra casa era na hora, o que tem de janta não existia, apenas comíamos e agradecíamos.
Sempre fomos unidos, principalmente nas quermesses e que exemplo de colaboração eram aqueles!
Hoje nos perdemos, perdemos nossas raízes, somos egoístas, nos trancamos em nossas casas com a churrasqueira acesa e o som tão alto, que não ouvimos mais o choro do filho do vizinho que não tomou nem seu café da manhã.
Hoje, no auge dos nossos 20 e poucos anos, não sentamos mais à mesa com nossa família, não pedimos a benção nem conselhos ou abraço ao mais velhos, nos fechamos em nossas bolhas e criamos uma cidade prospera em dinheiro, porem pobre em cultura, perdemos os valores morais e éticos, boa era a época da vizinha fofoqueira, que agora é a acusadora.
Que possamos sentir novamente a terra vermelha em baixo das unas e não nos esquecemos de nossas raízes.
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