Como anda o Rock em Novo Horizonte?

NH Irish Pub – Flávio, Drika, Junior, Celso, Gustavo, Gilson. Tirso, Cosme e Roni

Sou um roqueiro, meio sambista, meio violeiro, meio MPB e um tanto quanto pop… porém, afirmo sem muita pretensão de soar assertivo, que: hoje em dia, é muito mais fácil viver um estilo de vida “roquenrow” do que na minha época.
Um papo de velho, eu sei, mas é porque o Rock, também envelheceu! E em alguns sentidos, bem mau. Sou do tempo em que se achava todo roqueiro maloqueiro, maconheiro e vagabundo. Hoje esse bastão passou para os “funqueiros“, mas a “roqueragem erudita” ainda continua transgressora em partes, salvo alguns reacionários que preferem curtir o rock de uma forma bem particular.

Com conhecimento de causa, afirmo que: para falar de rock em Novo Horizonte, precisamos primeiro ter humildade e reconhecer que o estilo não nasceu no Bar do saudoso Seu Jaime nos anos 90. Apesar do local ter se tornado um dos mais importantes points da anti-cultura novohorizontina.

Os Gatos Pretos

Antes do Jaime’s, eu já estava com meus amigos, Chapados, gravando e participando de festivais. E antes de nós, muitas outras batalhas foram travadas contra o conservadorismo interiorano. Desde os Panteras e os Gatos Pretos, até Carlos Campos e banda Overdose – o “roquenrow” vem sendo bem sucedido na arte de ser discriminado, provocando reações e sem jamais lotar o salão.

Em comum nós, os roqueiro caipiras filhos de Novo Horizonte, fomos tão desvalorizados e subjugados nesse passado pouco distante que, a impressão que eu tinha era que, após os anos 90, década que protagonizou o auge do movimento, nunca mais surgiriam novas bandas por aqui. Meu pessimismo se deve aos entraves de uma fase pré internet e por isso, também, fiz a mala e fui embora.

Mas eu estava redondamente enganado sobre o futuro, porquê, nos anos seguinte, surgiram os METALEIROS NOVORIZONTINOS – uma ramificação do rock, cujo som, emite timbres distorcidos ainda mais agressivos. Bandas como: Chaia, Azeviche, Skull Talkin, Nightmare e Sobrinhos do Tio Cosme protagonizaram essa cena. (se eu esqueci alguém, me lembre por favor)

Chaya – Higor, Lucas, Andy, Jorge e Junior

Como sabemos, Rock não se faz sem um point de encontro, né?! E quem fomentou o espaço símbolo da resistência “roquenrow” desses anos “2.000 chegarás, 2.000 não passaras” foi Tirso Florence de Biasi e a sua experiência promovida com êxito naquele lava jato da Tenente Ferreira que tempos depois iria se tornar o Experience, umas das casas de shows mais populares dos anos 2000 e referência no interior paulista.

Infelizmente eu peguei somente o final do NH Irish Pub, outro empreendimento do Tirsinho que insistia em manter o movimento rocker vivo após ter entregado o Experience aos promoters do show business sertanejo.

Em compensação, tive a sorte de viver o último movimento rocker da cidade que aconteceu no mesmo NH Irish Pub, sob nova direção, cito aqui o Adega Rock Bar que incentivou o surgimento de uma nova cena musical, onde destaco bandas como: Ornitorrock, Equalizer, Lemans, Radiola e Sinfonia Sideral. Quem esteve por lá, principalmente nas quintas de palco livre, com certeza tem boas história pra contar!

Então, veio a pandemia e o rock, que já andava meio mau das pernas, morreu!

Ainda assim, levamos o defunto pra Cervejaria Casamalte e através das lives, (único recurso permitido para se promover shows durante a pandemia) tentamos manter o coração batendo, apesar das baixas irreparáveis no exercito roqueiro.

Mas como sabemos “o rock é como a Fênix” e ao fim da pandemia, uma nova safra de conjuntos surgiram, entre eles: Carma Seu Jão, Malte Leão e Novos Usados, onde nessa última, orgulhosamente sou integrante. Desta vez resolvi trocar os bastidores pelo palco e fui literalmente propagar o rock na sua essência. Mesmo com dores nas costas e cabelos brancos, quando plugo meu baixo me sinto rejuvenescido.

Hoje, a maioria dos roqueiros das épocas aureas estão velhos e preguiçosos. Para tira-los de casa dá um trabalhão. Porém, os que ainda consomem o estilo, compensam os desertores, pois fazem parte da classe social que mais investe em uma boa noite de diversão e é por isso que as casas de shows nos deixam entrar para fazer aquele roquizinho antigo que não tem perigo de assustar ninguém.

E assim seguimos comemorando cada novo espaço conquistado para o rock e concomitantemente alimentamos a expectativa de que novos representantes do estilo surgirão em Novo Horizonte para manter viva essa cultura que se tornou tão importante para nossa cidade.


Nós, os sobreviventes do rock, continuaremos a carregar essa tocha que, enquanto depender de mim, seja nos bastidores ou no palco, jamais se apagará.

Viva a volta do Rock você também, VIVA! e prestigie os shows!

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